quinta-feira, 3 de junho de 2010

Contemplo o que não Vejo

Ultimamente tenho andado um pouco nostálgica, melancólica, triste. Não sei o porque... Mas todos temos dias assim, e aqui fica um poema de Fernando Pessoa que mostra o que sinto neste momento...
Amo voces todos meus amigos...


Contemplo o que não Vejo

Contemplo o que não vejo.
É tarde, é quase escuro.
E quanto em mim desejo
Está parado ante o muro.

Por cima o céu é grande;
Sinto árvores além;
Embora o vento abrande,
Há folhas em vaivém.

Tudo é do outro lado,
No que há e no que penso.
Nem há ramo agitado
Que o céu não seja imenso.

Confunde-se o que existe
Com o que durmo e sou.
Não sinto, não sou triste.
Mas triste é o que estou.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

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